terça-feira, 18 de novembro de 2008

Ser mulher (não é facil)

Semana passada me deparei em uma banca com a revista VIP que tinha a Gisele Bündchen na capa, e dizia algo como "a mulher mais sexy do planeta". Nem de longe discordando do fato de ser ela uma beldade, junto com muitas outras que habitam as revistas masculinas - e femininas -, mas não consigo parar de pensar no fato de que assim como estas "supersexys" existem muitas mulheres, desconsideradas por não aparecerem nos meios de comunicação. Afirmar isso em uma revista é na verdade uma injustiça com todas as outras mulheres do planeta!

Cultua-se uma "fôrma" feminina que não é a que molda a maior parte da mulheres, e muitas vezes sofremos por não nos encaixarmos nela, e o tempo inteiro temos estímulos que nos levam a continuar comparando-nos em relação a este padrão. Nas diversas revistas "de mulher pelada" são fotografadas mulheres que , independente da nacionalidade, cor do cabelo, dos olhos ou da pele, se destacam por terem um corpo que habita os sonhos masculinos e muitas vezes os pesadelos femininos... Nos programas de tv, as mulheres que colocam tanto silicone que depois confessam não conseguirem mais dormir de bruços ou bater palmas (!) são entrevistadas insistentemente, e viram referência. Fiquei besta quando vi uma mulher sendo entrevistada no Jô Soares porque....... tinha a bunda enorme. (Concordo, grande mesmo, mas nada que umas 5 mulheres no bairro dela não tenham...) E finaliza a entrevista DANÇANDO CRÉU...(!!!) Eu queria entrevistar o pai dela..."Vc tem orgulho da sua filha ter sido entrevistada pra dançar funk na tv?" E no Jô, que teoricamente entrevistava "personalidades", ou alguém que representasse algum assunto, que fosse o menino de 12 anos que tinha decorado todas as constelações do sistema solar e sonhava ser astrônomo...Agora, só porque tem um traseiro descomunal?! Em alguma época isso seria considerado um defeito..!Sei lá..

Há mais coisas nos estímulos sexuais para os homens que a vã compreensão das mulheres pode captar - desde quando é sexy aparecer de costas e de cócoras na capa de uma revista?! Desde quando nós, mulheres, quando queremos buscar uma posição confortável para descansar colocamos a testa no colchão e deixamos a bunda pra cima?!

Mas o pior disso tudo é o modelo de "só pensa naquilo" que está se destacando na sociedade. As mulheres acabam se convencendo que devem destacar o corpo e ser sexy o tempo todo. De certa forma, está se produzindo um mundo de mulheres frustradas, inconscientemente dispostas a fazer qualquer coisa para agradar um homem, sonhando em ser tão desejada quanto aquela da revista. E isso é algo que percebemos já nas mulheres em seus 12 anos - que quase já não podem ser mais chamadas meninas, cada vez mais precocemente. Os anuncios são diretamente proporcionais à excitação masculina, e inversamente proporcionais à auto-estima feminina.

Pode ser que eu tenha exagerado em alguns pontos, mas esse endeusamento do corpo feminino modelo é algo que convivemos diariamente, por mais que ter essa opinião possa soar às vezes como comentário de tia-velha ou despertar o clássico " quem reclama disso é porque é uma baranga mal-amada.." E tenho quase certeza que os comentários mais exaltados de revolta não tem nenhuma relação com o fato de eu ter percebido os 2 kilos a mais no meu corpo não-padrão... :oP

O que é reconfortante é que, apesar de todo homem não deixar de prestar atenção nos anúncios de lingeries na tv ou revistas e, se perguntado, sempre tem alguma playboy "top of mind", são as mulheres próximas a eles que se tornam as mais sexys do planeta. A vizinha que ele torce pra encontrar no elevador quando volta do trabalho, a colega da sala que antes era melhor amiga, aquela que anda com os garotos e se veste quase como um, ou aquela mais cheinha de lugares para apertar que tira ele do sério...! Eles não namoram com a mulher que pôs 1,5 litro de silicone em cada seio, nem com a capa de outubro, mas sim com as mulheres que os fazem dar risada, que topam conhecer a mãe dele, regam as plantas ou cuidam do bicho de estimação quando ele tem que viajar, que inventam um passeio até num dia chuvoso e que os surpreendem por ficarem tão felizes com uma visita inesperada...São as mulheres que, além de despertarem as outras sensações, aceleram o coração...

Um amigo me passou por e-mail esta crônica do Arnaldo Jabor, que veio bem a calhar com o esse assunto, adicionando uma opinião masculina a este post:

'Outro dia, a Adriane Galisteu deu uma entrevista dizendo que os homens não
querem namorar as mulheres que são símbolos sexuais. É isto mesmo. Quem ousa
namorar a Feiticeira ou a Tiazinha?

As mulheres não são mais para amar; nem para casar. São para 'ver'. Que nos prometem elas, com suas formas perfeitas por anabolizantes e silicones?Prometem-nos um prazer impossível, um orgasmo metafísico, para o qual os homens não estão preparados. As mulheres dançam frenéticas na TV, com bundas cada vez mais malhadas, com seios imensos, girando em cima de garrafas, enquanto os pênis-espectadores se sentem apavorados e murchos diante de tanta gostosura. Os machos estão com medo das 'mulheres-liquidificador'.O modelo da mulher de hoje, que nossas filhas ou irmãs almejam ser (meu Deus!), é a prostituta transcendental, a mulher-robô, a 'Valentina', a 'Barbarela', a máquina-de-prazer sem alma, turbinas de amor com um hiperatômico tesão.

Que parceiros estão sendo criados para estas pós-mulheres? Não os há. Os 'malhados', os 'turbinados' geralmente são bofes-gay, filhos do mesmo narcisismo de mercado que as criou. Ou, então, reprodutores como o Zafir, para o Robô-Xuxa.

A atual 'revolução da vulgaridade' , regada a pagode, parece 'libertar' as mulheres. Ilusão à toa. A 'libertação da mulher' numa sociedade escravista como a nossa deu nisso: superobjetos. Se achando livres, mas aprisionadas numa exterioridade corporal que apenas esconde pobres meninas famintas de amor, carinho e dinheiro. São escravas aparentemente alforriadas numa grande senzala sem grades. Mas, diante delas, o homem normal tem medo. Elas são 'areia demais para qualquer
caminhãozinho' .

Por outro lado, o sistema que as criou enfraquece os homens eles vivem nervosos e fragilizados com seus pintinhos trêmulos, decadentes, a meia-bomba, ejaculando precocemente, puxando sacos, lambendo botas,engolindo sapos, sem o antigo charme 'jamesbondiano' dos anos 60.

Não há mais o grande 'conquistador' . Temos apenas os 'fazendeiros de bundas' como o Huck, enquanto a maioria virou uma multidão de voyeur, babando por deusas impossíveis.

Ah, que saudades dos tempos das 'bundinhas e peitinhos' 'normais' e 'disponíveis' ...
Pois bem, com certeza a televisão tem criado 'sonhos de Consumo' descritos tão
bem pela língua ferrenha do Jabor (eu). Mas ainda existem mulheres de verdade.
Mulheres que sabem se valorizar e valorizar o que tem 'dentro de casa', o seu
trabalho. E, acima de tudo, mulheres com quem se possa discutir um gosto pela
música, pela cultura, pela família, sem medo de parecer um 'chato' ou um 'cara
metido a intelectual' . Mulheres que sabem valorizar uma simples atitude, rara
nos homens de hoje, como abrir a porta do carro para elas. Mulheres que adoram
receber cartas, bilhetinhos (ou e-mails) românticos. Escutar no som do carro,
aquela fitinha velha dos Beegees ou um cd do Kenny G (parece meio breguinha).. .
mas é tão bom!!! Namorar escutando estas musiquinhas tranqüilas.

Penso que hoje, num encontro de um 'Turbinado' com uma 'Saradona' o papo deve ser do tipo: - 'meu'... o meu professor falou que posso disputar o Iron Man que vou ganhar fácil!.' - 'Ah meu...o meu personal Trainner disse que estou com os glúteos bem em forma e que nunca vou precisar de plástica'. E a música??? Só se for o último sucesso '(????)' dos Travessos ou Chama-chuva. ..' e o 'Vai Serginho'???

...

Mulheres do meu Brasil Varonil!!! Não deixem que criem estereótipos! ! Não
comprem o cinto de modelar da Feiticeira. A mulher brasileira é linda por
natureza!! Curta seu corpo de acordo com sua idade, silicone é coisa e americana
que não possui a felicidade de ter um corpo esculpido por Deus e Bonito por
natureza.

E se os seus namorados e maridos pedirem para vocês 'malharem' e
ficarem iguais à feiticeira, fiquem... Igual a Feiticeira dos seriados de
TV:


Façam-nos sumirem da sua vida
.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Ai que burrrra, dá zero pra ela!


Bom, numa situação dessas o consolo é pensar em tudo o que poderia ser pior - pelo menos ninguém se machucou, pelo menos não atropelei ninguém... mas dentro destes, o melhor foi "pelo menos tinha seguro".

Confesso que sempre achei importante mas sempre tive uma idéia meio indignada de pagarmos um serviço com o objetivo de não usarmos e o fato de que às vezes não vale a pena ou é muito complicado conseguir realizar todos os trâmites com a seguradora...Mas sou obrigada a admitir a incrível sensação de alívio quando você é acalmado pela seguradora. Bom ver essa outra forma de telemarketing: ao contrário dos atendentes de telefonia celular que te fazem passear por vários minutos entre eles, repetindo mil vezes sua situação, e até te esquecendo na espera (passei maus bocados com a TIM da última vez), essa moça da Porto Seguro que me atendeu foi um amor, bem humorada, realmente me tranqüilizando e ajudando, falando devagar e explicando tudo em detalhes...Puxa vida, quase desliguei mandando um beijo pra ela.

Bom, mas isso não acabou com a sensação de imbecil que sinto de mim mesma. E sempre é tão besta, a história do "em um piscar de olhos"é verdade! O farol dos carros de trás estava incomodando minha vista e eu estava tentando ajeitar os espelhos pra ajeitar isso e ter melhor visão dos carros atrás... olhava para o retrovisor da esquerda, do meio e da direita continuamente - tá bom? ah, tá mais ou menos...ah tá bom! bom dá pra ver, mas mais ou menos - Aaaaai nossa!! Não vai dar pra freaaar: BAAM! - POW! - POF!

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Inacreditável. É uma sensação muito estranha, achei que eu ia desmaiar... saí tremendo, gaguejando, quase como se estivesse em transe, era como um sonho, parecia que eu estava vendo isso de outro lugar, mas não estava lá..... loucura.... A coitada da mulher da frente tinha tirado o carro da concessionária no sábado, e saiu olhando pra mim e perguntando "que isso?? que aconteceu??? Você tá louca??" Só consegui gaguejar um "desculpa" e buscar um foco pra olhar... Quando me dei conta, todas aquelas pessoas que estavam na minha frente estavam envolvidas na batida, não eram curiosos... ENGAVETEI TRÊS CARROS.. bati em um, que bateu em outro, em outro e em outro. Na minha atenção nos espelhos, preocupada com os carros de trás eu não vi que o farol fechou, quando olhei pra frente já não dava pra frear o suficiente e porrei a traseira de um fox zerinho...

Credo, só de lembrar e visualizar a cena em dá um mal estar de novo...Que cagada....Pelo menos eu tinha certeza que o carro tinha seguro - sabendo que a Porto dá desconto em teatro e cinema perguntei pra minha mãe no sábado se o carro tinha seguro e qual era. O problema é que fiquei tensa pensando se eu estava autorizada a dirigir e se podia acionar o seguro... A mulher do segundo carro batido conhecia alguém que trabalhava na porto e puxou a ficha antes de eu ligar lá e confirmou que eu tinha seguro, cobria danos a terceiros e que eu estava autorizada a dirigir o carro.

Fora alguns outros detalhes, como ficar dentro do guincho na porta da oficina e ninguém atendia, às 22:30, tudo deu certo. Pedi desculpas algumas vezes mais pras 2 mulheres que tiveram o carro batido por uma menina distraída (acho que foi assim que eu devo ter sido descrita por elas, numa hipótese otimista) em plena sexta-feira à noite de dia das bruxas..

E a vergonha de voltar pra casa?! Encarar minha mãe com o peso daquele chapéu com orelha de burro... Até tinha falado com ela no telefone, mas não podia evitar ficar pensando que tudo bem, eu tava bem, mas podia nem ter acontecido... Um amigo meu disse que bater tem seu lado bom, porque vc sempre dirige diferente depois de uma batida, então é melhor que foi uma “primeira batida” mais simples e não uma como a dele que foi desacordado pro hospital e ainda levou duas pessoas com suspeita de traumatismo craniano junto...Que assim seja...

Bom, tem servido pra me levar a várias reflexões sobre nossa relação com o carro, como criamos dependência mesmo. Calcular o tempo para sair de casa para o trabalho é diferente... ir de ônibus não dá pra dar uma acelerada nem buscar novos caminhos “por dentro” quando tá tudo parado...Levo pelo menos o dobro do tempo. Eu estava saindo do trabalho e ia direto pro mercado na sexta-feira ( o que me leva a pensar outro motivo que poderia ter evitado o acidente, ou que era pra ser mesmo, porque sexta é rodízio do carro e eu nunca vou de carro...resolvi entrar mais tarde e sair do trabalho depois das 20hrs, daí ia pro mercado depois....parei em outra fila né...). No sábado fiquei em uma longa reflexão sobre as pessoas que não tem carro e compras do mês....QUEM NÃO TEM CARRO NÃO FAZ COMPRAS DO MÊS?! Parece meio idiota, mas no fim fui no mercado na segunda e na terça, pedindo socorro pra uma amiga me ajudar em um dia e pagando 5 reais em um taxi – fui em um mercado a três quadras de casa – pra me deslocar com a caixa com compras.

Mas, fora o meu sofrimento diário de não conseguir cumprir horário - sou atrasada de pai e mãe, acho que deve ser genético... =o/ eu tenho aproveitado o fato de estar sem carro. Adoro andar, e as caminhadas diárias “casa-ponto de ônibus - outro ponto de ônibus - ponto até o trabalho” me permitem ver mais o mundo. Sem carro é possível prestar mais atenção nas pessoas, nos caminhos, sentir o sol e a brisa que alivia o calor que sobe das passadas direto pro meu rosto...Ficar sem carro permite trocar umas palavras com as pessoas no ponto de ônibus, ouvir outras vozes, outras conversas...e no ônibus é muito legal também poder olhar para além do asfalto ao cruzar a ponte...apesar do estado deplorável que se encontram as águas do Rio Pinheiros, a vista do rio e suas margens me agrada demais, e eu só posso contemplá-la de dentro do ônibus. Quando estou sem carro posso ler, estudar, escrever notinhas do que preciso fazer quando chegar ao trabalho...

Enfim, talvez seja um pouco de exagero comparar a isto, mas aquilo de fazer limonadas quando te derem um limão ( o que é bem óbvio na verdade, ainda não descobri o significado profundo embutido neste ditado...) realmente faz sentido e permite que se valorize todos os momentos da vida, independente das situações que tenhamos que passar...