sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Ai que burrrra, dá zero pra ela!


Bom, numa situação dessas o consolo é pensar em tudo o que poderia ser pior - pelo menos ninguém se machucou, pelo menos não atropelei ninguém... mas dentro destes, o melhor foi "pelo menos tinha seguro".

Confesso que sempre achei importante mas sempre tive uma idéia meio indignada de pagarmos um serviço com o objetivo de não usarmos e o fato de que às vezes não vale a pena ou é muito complicado conseguir realizar todos os trâmites com a seguradora...Mas sou obrigada a admitir a incrível sensação de alívio quando você é acalmado pela seguradora. Bom ver essa outra forma de telemarketing: ao contrário dos atendentes de telefonia celular que te fazem passear por vários minutos entre eles, repetindo mil vezes sua situação, e até te esquecendo na espera (passei maus bocados com a TIM da última vez), essa moça da Porto Seguro que me atendeu foi um amor, bem humorada, realmente me tranqüilizando e ajudando, falando devagar e explicando tudo em detalhes...Puxa vida, quase desliguei mandando um beijo pra ela.

Bom, mas isso não acabou com a sensação de imbecil que sinto de mim mesma. E sempre é tão besta, a história do "em um piscar de olhos"é verdade! O farol dos carros de trás estava incomodando minha vista e eu estava tentando ajeitar os espelhos pra ajeitar isso e ter melhor visão dos carros atrás... olhava para o retrovisor da esquerda, do meio e da direita continuamente - tá bom? ah, tá mais ou menos...ah tá bom! bom dá pra ver, mas mais ou menos - Aaaaai nossa!! Não vai dar pra freaaar: BAAM! - POW! - POF!

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Inacreditável. É uma sensação muito estranha, achei que eu ia desmaiar... saí tremendo, gaguejando, quase como se estivesse em transe, era como um sonho, parecia que eu estava vendo isso de outro lugar, mas não estava lá..... loucura.... A coitada da mulher da frente tinha tirado o carro da concessionária no sábado, e saiu olhando pra mim e perguntando "que isso?? que aconteceu??? Você tá louca??" Só consegui gaguejar um "desculpa" e buscar um foco pra olhar... Quando me dei conta, todas aquelas pessoas que estavam na minha frente estavam envolvidas na batida, não eram curiosos... ENGAVETEI TRÊS CARROS.. bati em um, que bateu em outro, em outro e em outro. Na minha atenção nos espelhos, preocupada com os carros de trás eu não vi que o farol fechou, quando olhei pra frente já não dava pra frear o suficiente e porrei a traseira de um fox zerinho...

Credo, só de lembrar e visualizar a cena em dá um mal estar de novo...Que cagada....Pelo menos eu tinha certeza que o carro tinha seguro - sabendo que a Porto dá desconto em teatro e cinema perguntei pra minha mãe no sábado se o carro tinha seguro e qual era. O problema é que fiquei tensa pensando se eu estava autorizada a dirigir e se podia acionar o seguro... A mulher do segundo carro batido conhecia alguém que trabalhava na porto e puxou a ficha antes de eu ligar lá e confirmou que eu tinha seguro, cobria danos a terceiros e que eu estava autorizada a dirigir o carro.

Fora alguns outros detalhes, como ficar dentro do guincho na porta da oficina e ninguém atendia, às 22:30, tudo deu certo. Pedi desculpas algumas vezes mais pras 2 mulheres que tiveram o carro batido por uma menina distraída (acho que foi assim que eu devo ter sido descrita por elas, numa hipótese otimista) em plena sexta-feira à noite de dia das bruxas..

E a vergonha de voltar pra casa?! Encarar minha mãe com o peso daquele chapéu com orelha de burro... Até tinha falado com ela no telefone, mas não podia evitar ficar pensando que tudo bem, eu tava bem, mas podia nem ter acontecido... Um amigo meu disse que bater tem seu lado bom, porque vc sempre dirige diferente depois de uma batida, então é melhor que foi uma “primeira batida” mais simples e não uma como a dele que foi desacordado pro hospital e ainda levou duas pessoas com suspeita de traumatismo craniano junto...Que assim seja...

Bom, tem servido pra me levar a várias reflexões sobre nossa relação com o carro, como criamos dependência mesmo. Calcular o tempo para sair de casa para o trabalho é diferente... ir de ônibus não dá pra dar uma acelerada nem buscar novos caminhos “por dentro” quando tá tudo parado...Levo pelo menos o dobro do tempo. Eu estava saindo do trabalho e ia direto pro mercado na sexta-feira ( o que me leva a pensar outro motivo que poderia ter evitado o acidente, ou que era pra ser mesmo, porque sexta é rodízio do carro e eu nunca vou de carro...resolvi entrar mais tarde e sair do trabalho depois das 20hrs, daí ia pro mercado depois....parei em outra fila né...). No sábado fiquei em uma longa reflexão sobre as pessoas que não tem carro e compras do mês....QUEM NÃO TEM CARRO NÃO FAZ COMPRAS DO MÊS?! Parece meio idiota, mas no fim fui no mercado na segunda e na terça, pedindo socorro pra uma amiga me ajudar em um dia e pagando 5 reais em um taxi – fui em um mercado a três quadras de casa – pra me deslocar com a caixa com compras.

Mas, fora o meu sofrimento diário de não conseguir cumprir horário - sou atrasada de pai e mãe, acho que deve ser genético... =o/ eu tenho aproveitado o fato de estar sem carro. Adoro andar, e as caminhadas diárias “casa-ponto de ônibus - outro ponto de ônibus - ponto até o trabalho” me permitem ver mais o mundo. Sem carro é possível prestar mais atenção nas pessoas, nos caminhos, sentir o sol e a brisa que alivia o calor que sobe das passadas direto pro meu rosto...Ficar sem carro permite trocar umas palavras com as pessoas no ponto de ônibus, ouvir outras vozes, outras conversas...e no ônibus é muito legal também poder olhar para além do asfalto ao cruzar a ponte...apesar do estado deplorável que se encontram as águas do Rio Pinheiros, a vista do rio e suas margens me agrada demais, e eu só posso contemplá-la de dentro do ônibus. Quando estou sem carro posso ler, estudar, escrever notinhas do que preciso fazer quando chegar ao trabalho...

Enfim, talvez seja um pouco de exagero comparar a isto, mas aquilo de fazer limonadas quando te derem um limão ( o que é bem óbvio na verdade, ainda não descobri o significado profundo embutido neste ditado...) realmente faz sentido e permite que se valorize todos os momentos da vida, independente das situações que tenhamos que passar...

2 comentários:

dulixo disse...

Ufa heim! o que importa é que está bem...rs...como voce mesmo disse...mais a sensação deve ser muito ruim mesmo de bater um carro...não que nunca tenha batido...não dirijo mesmo...rs...prefiro andar a pé...fazer meus caminhos...com direito a trilha sonora do meu gosto...aproveite esse dias de transeunte...Jah abençoe hoje e sempre...paz e luz!!

Tubarão

Unknown disse...

Eita! Que longo! hahaha
mas li tudo!! Lembro do dia..! E aproveite, enquanto está sem carro, para aproveitar essas coisas boas, do "estar sem carro".. rsss
Beijãooo!