domingo, 24 de abril de 2011

Sementes de paz

Neste feriado assisti a três filmes: "Gandhi"(1982, Richard Attenborough), "Paixão de Cristo" (2004, Mel Gibson) e "Nosso Lar" (2010, Wagner de Assis).

Além da reflexão mais religiosa despertada/intencionada ao assisti-los, algumas mensagens transmitidas nos filmes ainda pairam na minha cabeça:

A resistência contra um "sistema" ou uma reação para mudanças de paradigma não são necessariamente ostensivas, reativas, e, principalmente, violentas. A não-violência como doutrina por Gandhi, a segurança de "oferecer a outra face", como pregado por Jesus, de nenhuma forma em nenhum momento caracterizam algum tipo de desistência, pelo contrário. Tem uma frase que Gandhi diz no filme que é algo como "não reagir com violência acaba neutralizando a ação do agressor e leva ele a nos respeitar".

Outra coisa que me chamou a atenção nestes filmes, e que acho importante levar para a vida é uma tranquilidade e uma firmeza transmitidos em ter a segurança de estar em ação por uma causa certa. Sem expressão sisuda, sem gritos, sem ódio - transmitir pelo olhar uma serenidade e força que seriam antagônicas se não fossem tão complementares, como passado nos dois filmes. Em uma outra cena do filme "Gandhi", impressionante este olhar que ele lança a um guarda ou algo parecido, ao continuar queimando os passes que eram obrigatórios de serem portados e apresentados por quem não era europeu (no começo do filme, ainda na África do Sul).

Também não deixa de ser impressionante, até pela relativa familiaridade com os dias que vivemos hoje, o poder e a manipulação das massas. Tanto quando manipulada por grupos que mostram interesse nos resultados conquistados pela reação daquele grande formigueiro humano (como dos Sacerdotes no filme "A paixão de Cristo"), ou por parecerem uma multidão desgovernada que por algum fator alheio, muda de ideia e começa a marchar na direção oposta a que andava antes. A mesma multidão que, indistintamente fez uma grande festa de recepção para Jesus e para Gandhi, era praticamente a mesma que atirava pedras enquanto Jesus rumava para ser crucificado, e de onde se pregava agora a violência, de onde se ouviam gritos "morte à Gandhi", e de onde saiu um braço que com vários tiros lhe tirou a vida...

Como seres humanos temos a possibilidade de sermos o melhor ou o pior que outros seres podem receber (humanos e não humanos até). A forma como tratamos a nós mesmos, e a forma como tratamos quem vive conosco, por mais inconsciente que possa ir seguindo, e por mais difícil que pareça agir diferente do que estamos acostumados, pode ser o céu ou o inferno na vida de alguém.

Uma coisa que é bem marcante, nos 3 filmes: somos todos iguais, embora possamos não perceber tão fácil. Que possamos sempre oferecer o que esperamos de melhor dos outros. Que possamos genuinamente oferecer a outra face enquanto ficamos tranquilamente firmes de nossas convicções, de forma absolutamente não-violenta. E que uma convicção seja comum a todos: amar uns aos outros, como a nós mesmos (e, inclusive, amar a nós mesmos).


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